quarta-feira, 25 de novembro de 2015
Que figura!
Procuramos lógica em tudo e nem precisamos ser da área de exatas. Utilizamos figuras de linguagem mais do que imaginamos. Costumo dizer que professores e mães são “experts” no uso delas , principalmente em Hipérboles. “ Já te falei mil vezes pra ir dormir, pare de jogar menino!” “ Vocês me matam de vergonha, não saberem isso!” e por aí vai. Metáforas são utilizadas pelos amantes. “ Você é um doce”, “Uma flor” “o sol de minha vida” e outras coisas mais.
Utiliza-se ironia quando o esposo chega tarde em casa e a esposa diz: “ Bonito né?”
Em comerciais utilizam um misto de sensações sinestésicas que vão levar as pessoas ao paraíso. O doce perfume te dá prazer em olhar.
Nas charges de humor, encontramos os trocadilhos. Não confunda bife a milanesa com bife ali na mesa. Hipérboles também são muito utilizados, Outro dia vi uma charge em que o professor perdia a aula toda fazendo chamada pelas salas superlotadas devido ao reestruturação.
Já ouvi pessoas usarem a expressão “ não é uma Brastemp, mas funciona”, símbolo de qualidade, durabilidade. Devido ao uso de um comercial, na qual utilizavam a palha de aço como várias utilidades, não só para lavar panelas e dar brilho, como mil e uma utilidades, vi pessoas utilizarem, “ Nossa você é um Bom-bril” no sentido de ser versátil, aliás a palavra bom bril deve ter vindo de bom brilho. Nomes de fácil memorização ajudam na venda dos produtos, dizem que o guaraná não alavancou no exterior pois as pessoas tinham dificuldade em pronuncia-lo e acabar pedindo a concorrente coca-cola. No ringue da mídia, já vi um vale tudo, a propaganda dizia: o guaraná veio da fruta e o da concorrente? Insinuava que não era saudável...
Se ficarmos pensando, somos levados a caminhos cada vez mais distantes.
Figuras de linguagem enriquecem a nossa expressão. Os poemas são ricos devido ao uso das figuras de linguagem e hoje já utilizam muitas figuras de linguagem nas prosas e nas noticias de jornal. “ Tudo acaba em piza!”
FIGURAS DE LINGUAGEM
PORTUGUÊS
O ato de desviar-se da norma padrão no intuito de alcançar uma maior expressividade refere-se às figuras de linguagem. Quando o desvio ocorre pelo não conhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem.
COMPARTILHE
CURTIDAS
0
PUBLICIDADE
As figuras de linguagem são recursos que tornam mais expressivas as mensagens. Subdividem-se em figuras de som, figuras de construção, figuras de pensamento e figuras de palavras.
Figuras de som
a) aliteração: consiste na repetição ordenada de mesmos sons consonantais.
“Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”
b) assonância: consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos.
“Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”
c) paronomásia: consiste na aproximação de palavras de sons parecidos, mas de significados distintos.
“Eu que passo, penso e peço.”
Figuras de construção
a) elipse: consiste na omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.
“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de havia)
b) zeugma: consiste na elipse de um termo que já apareceu antes.
Ele prefere cinema; eu, teatro. (omissão de prefiro)
c) polissíndeto: consiste na repetição de conectivos ligando termos da oração ou elementos do período.
“ E sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito (...)”
d) inversão: consiste na mudança da ordem natural dos termos na frase.
“De tudo ficou um pouco.
Do meu medo. Do teu asco.”
e) silepse: consiste na concordância não com o que vem expresso, mas com o que se subentende, com o que está implícito. A silepse pode ser:
• De gênero
Vossa Excelência está preocupado.
• De número
Os Lusíadas glorificou nossa literatura.
• De pessoa
“O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha verde e mole que se derrete na boca.”
f) anacoluto: consiste em deixar um termo solto na frase. Normalmente, isso ocorre porque se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.
A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa.
g) pleonasmo: consiste numa redundância cuja finalidade é reforçar a mensagem.
“E rir meu riso e derramar meu pranto.”
h) anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.
“ Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”
Figuras de pensamento
a) antítese: consiste na aproximação de termos contrários, de palavras que se opõem pelo sentido.
“Os jardins têm vida e morte.”
b) ironia: é a figura que apresenta um termo em sentido oposto ao usual, obtendo-se, com isso, efeito crítico ou humorístico.
“A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.”
c) eufemismo: consiste em substituir uma expressão por outra menos brusca; em síntese, procura-se suavizar alguma afirmação desagradável.
Ele enriqueceu por meios ilícitos. (em vez de ele roubou)
d) hipérbole: trata-se de exagerar uma ideia com finalidade enfática.
Estou morrendo de sede. (em vez de estou com muita sede)
e) prosopopeia ou personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicativos que são próprios de seres animados.
O jardim olhava as crianças sem dizer nada.
f) gradação ou clímax: é a apresentação de ideias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax)
“Um coração chagado de desejos
Latejando, batendo, restrugindo.”
g) apóstrofe: consiste na interpelação enfática a alguém (ou alguma coisa personificada).
“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!”
Figuras de palavras
a) metáfora: consiste em empregar um termo com significado diferente do habitual, com base numa relação de similaridade entre o sentido próprio e o sentido figurado. A metáfora implica, pois, uma comparação em que o conectivo comparativo fica subentendido.
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.”
b) metonímia: como a metáfora, consiste numa transposição de significado, ou seja, uma palavra que usualmente significa uma coisa passa a ser usada com outro significado. Todavia, a transposição de significados não é mais feita com base em traços de semelhança, como na metáfora. A metonímia explora sempre alguma relação lógica entre os termos. Observe:
Não tinha teto em que se abrigasse. (teto em lugar de casa)
c) catacrese: ocorre quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, torna-se outro por empréstimo. Entretanto, devido ao uso contínuo, não mais se percebe que ele está sendo empregado em sentido figurado.
O pé da mesa estava quebrado.
d) antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade:
...os quatro rapazes de Liverpool (em vez de os Beatles)
e) sinestesia: trata-se de mesclar, numa expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
A luz crua da madrugada invadia meu quarto.
Vícios de linguagem
A gramática é um conjunto de regras que estabelece um determinado uso da língua, denominado norma culta ou língua padrão. Acontece que as normas estabelecidas pela gramática normativa nem sempre são obedecidas, em se tratando da linguagem escrita. O ato de desviar-se da norma padrão no intuito de alcançar uma maior expressividade, refere-se às figuras de linguagem. Quando o desvio se dá pelo não conhecimento da norma culta, temos os chamados vícios de linguagem.
a) barbarismo: consiste em grafar ou pronunciar uma palavra em desacordo com a norma culta.
pesquiza (em vez de pesquisa)
prototipo (em vez de protótipo)
b) solecismo: consiste em desviar-se da norma culta na construção sintática.
Fazem dois meses que ele não aparece. (em vez de faz ; desvio na sintaxe de concordância)
c) ambiguidade ou anfibologia: trata-se de construir a frase de um modo tal que ela apresente mais de um sentido.
O guarda deteve o suspeito em sua casa. (na casa de quem: do guarda ou do suspeito?)
d) cacófato: consiste no mau som produzido pela junção de palavras.
Paguei cinco mil reais por cada.
e) pleonasmo vicioso: consiste na repetição desnecessária de uma ideia.
O pai ordenou que a menina entrasse para dentro imediatamente.
Observação: Quando o uso do pleonasmo se dá de modo enfático, este não é considerado vicioso.
f) eco: trata-se da repetição de palavras terminadas pelo mesmo som.
O menino repetente mente alegremente.
Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
SILVA, Marina Cabral Da. "Figuras de Linguagem"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 25 de novembro de 2015.
terça-feira, 24 de novembro de 2015
Vida escolar
Vida escolar
Interessante como observamos as atitudes dos pais, professores e até de tios a quem admiramos e temos como exemplos. Somos a continuação, talvez “melhorada” de todos os que convivemos no passado. Eles participaram na construção do que nos tornamos hoje.
Uma avaliação dada aos alunos, fui à toalete e ainda disse a eles: não colem. A saída foi proposital pra que trocassem conhecimentos. Claro, já fui aluna e com certeza confabularam sobre alguma dúvida com os colegas mais bem preparados. Para a minha surpresa, estavam todos quietos, foram super- honestos! Me contaram que um professor foi espiar pela janela, ninguém esperava por isso! Não aconteceu o mesmo com a mesma experiência que fiz em outra sala, quando retornei, a sala mais parecia um pregão da bolsa de valores, chegaram a sentar-se em dupla. A situação mais abominável sobre trabalhar em dupla é: eu copio e você responde! E tem aluno que aceita ser o “burro” de carga do outro. O espertinho só copia e o outro faz a parte da transpiração. Se a intenção foi confabular sobre a melhor resposta, ótimo. A intenção maior é a opção pelo raciocínio, pelo conhecimento. Num projeto : Literatura para o vestibular, fizeram todos os trabalhos em Power point, eles são ótimos nessa ferramenta “control c “e “control v”, e o conhecimento? Uma avaliação sobre o conteúdo resolveria esse problema.
Certa vez, no meu tempo de universidade, o professor usou esse método, saiu da sala. Minha amiga que não havia estudado nada, apanhou a minha prova e copiou tudo. Aliás ela melhorou o que leu resultado conseguiu ir melhor, nossa! vida de cão!
Hoje eu sei que o professor saiu da sala para dar a chance de conversarmos sobre a prova. Assim como os pais fingem que não sabiam que as crianças “assaltavam” balas que estavam escondidos ou não sabem que as crianças “pegavam” o leite ninho pra comer com açúcar. Uma generosidade aprendida com quem convivemos no passado. Ah! quantas lembranças e aprendizados!
Assinar:
Postagens (Atom)