domingo, 28 de julho de 2013

Preconceito

Preconceito
Temos tantos preconceitos e Muitas vezes fingimos não ter. A sociedade não consegue nem fingir quando se trata de aidéticos. Hoje fui visitar  o Centro Amor e vida. Tenho um conhecido internado, porém nunca tive a coragem de ir visitá-lo. Tenho amizade com as filhas dele, então fui ao encontro delas, e lógico faria uma visita ao meu conhecido. O fato é que fui muito bem recebida pelo porteiro que me indicou onde encontrá-lo. Perguntei por ele para os pacientes, mas ele mesmo me reconheceu na hora, eu mesma não me lembrava direito dele( são de Minas). Eu havia visto uma só vez e nem imaginei como estaria, aliás,  imaginei que iria encontrar alguém fraco, magro , e que mal conseguiria conversar. Encontrei uma pessoa com muita vontade de viver e me contou que ficou sete anos à espera todos os dias pelas filhas que não vinham e que todas as suas lágrimas já haviam caído e seus olhos não conseguem mais derrubar nenhuma. Elas não vieram antes,  por puro preconceito de quem as criava, pois ela dizia que gastaria muito pra ir ver. Várias vezes eu havia oferecido condução pra vir ao menos, porém  a volta ficaria cara porque viria a Tia( quem as criava), a filha mais velha e a menor. Sete anos de espera, e me confidenciou que o que o fez  viver cada dia, era a esperança de cuidar das filhas e que jurou no leito de morte  de sua esposa, que lutaria contra a doença para cuidar das filhas. Observei outros pacientes e fiquei imaginando o que cada um trazia dentro de si, cada história que teriam a contar.  Que vida levavam, que profissão tinham, quanto preconceito ainda vivem da sociedade que quase ninguém os visita. Percebi que as pessoas que convivem com eles que são os profissionais de saúde e as cozinheiras é que dão um pouco de carinho e amor a eles. As filhas , vieram com o tio,  só que não as encontrei, e o meu conhecido disse que foi o dia mais feliz da vida dele.
Hoje senti o quanto eu também tinha  preconceito, como se eles fossem culpados de estarem naquela situação. Hoje percebi que qualquer um pode estar um dia principalmente se não se cuidarem contra essa doença que no rosto da pessoa com quem relacionamos, não mostra e muitas vezes nem mesmo a pessoa sabe que é portadora do vírus. Temos que ser gratos por ter apenas um parceiro e procurar ser fiel para o seu bem próprio e da pessoa que amamos. Devemos levar mais a sério quanto ao contágio desta doença. Hoje é controlável, mas a pessoa que contrai o vírus HIV,  não tem a mesma qualidade de vida de uma pessoa saudável.

Enquanto não verificaram qual a proteína resistente, que impede a contaminação, ainda não há cura ou talvez, já tenhamos a cura que não é de interesse das indústrias farmacêuticas divulgarem a cura definitiva. Enquanto isso muitos sofrem pela doença e sentem carência da dignidade que lhes foi roubada. Creio que o maior sofrimento deles não é ser soropositivo,  mas é ser considerado pela  sociedade , um criminoso. Eles só desejam ser respeitados, como todo ser humano!


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