Preconceito
Temos tantos
preconceitos e Muitas vezes fingimos não ter. A sociedade não consegue nem
fingir quando se trata de aidéticos. Hoje fui visitar o Centro Amor e vida. Tenho um conhecido
internado, porém nunca tive a coragem de ir visitá-lo. Tenho amizade com as
filhas dele, então fui ao encontro delas, e lógico faria uma visita ao meu
conhecido. O fato é que fui muito bem recebida pelo porteiro que me indicou
onde encontrá-lo. Perguntei por ele para os pacientes, mas ele mesmo me
reconheceu na hora, eu mesma não me lembrava direito dele( são de Minas). Eu
havia visto uma só vez e nem imaginei como estaria, aliás, imaginei que iria encontrar alguém fraco,
magro , e que mal conseguiria conversar. Encontrei uma pessoa com muita vontade
de viver e me contou que ficou sete anos à espera todos os dias pelas filhas
que não vinham e que todas as suas lágrimas já haviam caído e seus olhos não
conseguem mais derrubar nenhuma. Elas não vieram antes, por puro preconceito de quem as criava, pois
ela dizia que gastaria muito pra ir ver. Várias vezes eu havia oferecido condução
pra vir ao menos, porém a volta ficaria
cara porque viria a Tia( quem as criava), a filha mais velha e a menor. Sete
anos de espera, e me confidenciou que o que o fez viver cada dia, era a esperança de cuidar das
filhas e que jurou no leito de morte de sua
esposa, que lutaria contra a doença para cuidar das filhas. Observei outros
pacientes e fiquei imaginando o que cada um trazia dentro de si, cada história
que teriam a contar. Que vida levavam,
que profissão tinham, quanto preconceito ainda vivem da sociedade que quase
ninguém os visita. Percebi que as pessoas que convivem com eles que são os
profissionais de saúde e as cozinheiras é que dão um pouco de carinho e amor a
eles. As filhas , vieram com o tio, só
que não as encontrei, e o meu conhecido disse que foi o dia mais feliz da vida
dele.
Hoje senti o quanto eu
também tinha preconceito, como se eles
fossem culpados de estarem naquela situação. Hoje percebi que qualquer um pode
estar um dia principalmente se não se cuidarem contra essa doença que no rosto
da pessoa com quem relacionamos, não mostra e muitas vezes nem mesmo a pessoa
sabe que é portadora do vírus. Temos que ser gratos por ter apenas um parceiro e
procurar ser fiel para o seu bem próprio e da pessoa que amamos. Devemos levar
mais a sério quanto ao contágio desta doença. Hoje é controlável, mas a pessoa
que contrai o vírus HIV, não tem a mesma
qualidade de vida de uma pessoa saudável.
Enquanto não
verificaram qual a proteína resistente, que impede a contaminação, ainda não há
cura ou talvez, já tenhamos a cura que não é de interesse das indústrias
farmacêuticas divulgarem a cura definitiva. Enquanto isso muitos sofrem pela doença
e sentem carência da dignidade que lhes foi roubada. Creio que o maior sofrimento
deles não é ser soropositivo, mas é ser considerado
pela sociedade , um criminoso. Eles só
desejam ser respeitados, como todo ser humano!
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