segunda-feira, 3 de junho de 2013

O Coqueiro 3

                                                                        O coqueiro 3
Estava eu, cortando  outra árvore, desta vez um pé de jurubeba que plantei imaginando que não cresceria muito. Na verdade foi um pássaro que plantou no meu quintal e eu só reguei.
Cheguei a colher uma vez, depois não consegui. Cresceu tanto que, como o coqueiro, não conseguia colher os frutos. O vizinho me vendo no alto da árvore perguntou: "quer uma ajuda?" Desci na hora e lhe  disse que ,eu estava com um problema ainda maior: o coqueiro. Perguntei se ele cortaria. Ele olhou para o alto e disse: "venho pra você." O melhor de tudo: eu faria o preço.
Ele demorou pra voltar, achei estranho. Cortou os troncos da jurubeba,  mas o coqueiro, nada dele voltar pra cortar.
Depois de duas semanas ele apareceu com escada, serrote, e facão disposto a realizar o trabalho.  Convidou-me a  despedir da árvore e tirar umas fotos e me disse: "Sou contra o corte de árvores." ” Devastar a natureza, é ruim.”
Quando olhei aquele coqueiro exuberante em todo o seu esplendor( nas fotos ele era mais lindo ainda), sorrindo pra mim, pedindo uma chance para viver, desisti de cortá-lo.
Ficou mais uns dois anos. Até as lagartas vieram menos. Numa  madrugada chuvosa, relampeava tanto e ventava como nunca. Nas cidades vizinhas o temporal  havia devastado casas e árvores. Abri a janela e aquela cena mais parecia um filme de terror. Da janela do meu quarto que fica na parte de cima do sobrado vi o coqueiro se envergando pra  cá e pra lá ,com uns 60 cocos. Calculei : mais de um kg cada, meu Deus se caísse sobre a casa da mesma vizinha ,que reclamava das lagartas, seria o fim .E fiquei  imaginando, eu nas manchetes de jornal:  “Presa por causa de um capricho!” ” Coqueiro de uma professora  mata uma família inteira!”
Rezei baixinho e jurei que se a palmeira não caísse naquela madrugada, eu  a cortaria.
Agora eu tinha uma promessa a cumprir. Ainda a outra vizinha foi contra: eu adoro a paisagem que vejo do meu quintal ( o coqueiro). Porém eu tinha um pacto agora com Deus. Nada me faria mudar de ideia!

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