O coqueiro 3
Estava eu, cortando outra árvore, desta vez um pé de jurubeba que
plantei imaginando que não cresceria muito. Na verdade foi um pássaro que
plantou no meu quintal e eu só reguei.
Cheguei a colher uma vez, depois
não consegui. Cresceu tanto que, como o coqueiro, não conseguia colher os
frutos. O vizinho me vendo no alto da árvore perguntou: "quer uma ajuda?" Desci
na hora e lhe disse que ,eu estava com
um problema ainda maior: o coqueiro. Perguntei se ele cortaria. Ele olhou para
o alto e disse: "venho pra você." O melhor de tudo: eu faria o preço.
Ele demorou pra voltar, achei
estranho. Cortou os troncos da jurubeba, mas o coqueiro, nada dele voltar pra cortar.
Depois de duas semanas ele
apareceu com escada, serrote, e facão disposto a realizar o trabalho. Convidou-me a despedir da árvore e tirar umas fotos e me
disse: "Sou contra o corte de árvores." ” Devastar a natureza, é ruim.”
Quando olhei aquele coqueiro
exuberante em todo o seu esplendor( nas fotos ele era mais lindo ainda),
sorrindo pra mim, pedindo uma chance para viver, desisti de cortá-lo.
Ficou mais uns dois anos. Até as
lagartas vieram menos. Numa madrugada
chuvosa, relampeava tanto e ventava como nunca. Nas cidades vizinhas o temporal
havia devastado casas e árvores. Abri a
janela e aquela cena mais parecia um filme de terror. Da janela do meu quarto
que fica na parte de cima do sobrado vi o coqueiro se envergando pra cá e pra lá ,com uns 60 cocos. Calculei : mais
de um kg cada, meu Deus se caísse sobre a casa da mesma vizinha ,que reclamava
das lagartas, seria o fim .E fiquei
imaginando, eu nas manchetes de jornal:
“Presa por causa de um capricho!” ” Coqueiro de uma professora mata uma família inteira!”
Rezei baixinho e jurei que se a
palmeira não caísse naquela madrugada, eu a cortaria.
Agora eu tinha uma promessa a
cumprir. Ainda a outra vizinha foi contra: eu adoro a paisagem que vejo do meu
quintal ( o coqueiro). Porém eu tinha um pacto agora com Deus. Nada me faria
mudar de ideia!
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